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O evento

Letras, a Princesa Altaneira

A formação em Letras e a crise social nas instituições públicas de ensino superior

 

O XXIII Encontro Baiano de Estudantes de Letras (EBEL) foi um evento acadêmico e científico que teve como objetivo central reunir estudantes dos cursos de Letras para discutir assuntos relevantes à sua formação acadêmica, profissional e humanística. Embora fosse voltado para estudantes de Letras do Estado da Bahia, foram convidados/as/es estudantes de outras áreas e de outros estados brasileiros que tinham interesse em participar das discussões abarcadas pela temática do evento.

 

Pensar a possibilidade de encontros, como este, no cenário do Brasil de 2019, foi pensar que sua existência está cada vez mais ameaçada. É do conhecimento de todas/os/es que, como resultado de uma crise moral e política, iniciada por grupos balburdieiros insatisfeitos com os pobres conquistando direitos, avança, neste país, um grupo da Direita, que visa nitidamente o fortalecimento da desigualdade social e econômica em detrimento de interesses ideológicos, que estimulam a completa estratificação social e a supremacia dos grupos naturalizados superiores.

 

Estamos atravessando um período difícil da história deste país, cujo atual Governo Federal, sendo caracterizado pela chantagem e autoritarismo, tem cortado verba pública de áreas basilares, como Saúde e Educação. Para aquele ano estabeleceu um corte de cerca de R$ 6 bilhões do Ministério da Educação, que tinha a sua disposição pouco mais de R$ 23 bilhões. Em seguida, houve um corte de 30% do orçamento das Universidades Federais, que, segundo notas publicadas na internet, corriam o risco de terem as atividades encerradas antes mesmo do ano terminar.

 

Em âmbito estadual, as nossas universidades são acometidas por um mal de natureza similar. Em 2017, cerca de R$110 milhões não chegaram aos cofres das quatro Universidades Estaduais da Bahia, o que, numa avaliação sem muita complexidade, indica uma realidade calamitosa, que dificulta, entre tantas coisas, a permanência estudantil; sem falar nas péssimas condições de trabalho dos professores, que não recebiam reajuste salarial há seis anos e encontraram na greve a única saída.

 

Era dentro desse contexto que se encontravam estudantes dos cursos de Letras. E considerando que o agravamento de todas essas questões afetam diretamente a sua formação acadêmica e profissional, o título do XXIII EBEL — Letras, a Princesa Altaneira: a formação em Letras e a crise social nas instituições públicas de ensino superior foi meticulosamente pensado.

 

A proposta desta edição teve grande relevância, pois partiu da inquieta necessidade de erguer, elevar, colocar em lugar de destaque o essencial curso de Letras, que habilita estudantes à difícil e prazerosa atividade que é compreender a estrutura de uma língua; da urgência de refletirmos sobre a formação em Letras, durante esse período tão melancólico do nosso país, em que a Educação sofre constantes ataques, o trabalho do professor é, cada vez mais, desvalorizado pelos governos. A Pesquisa, sendo uma via considerada por parte das pessoas discentes, não recebe a atenção devida. E por último, mas não menos importante, problematizamos a crise social, educativa e estrutural nas instituições públicas de ensino superior, da qual fazemos parte e estão tão ameaçadas.

 

Isto posto, tornou-se o EBEL UEFS 2019 um dos lugares mais apropriados para o debate de tal temática. Nele, foram abertos espaços para exposições e trocas de experiências, em que a participação de cada encontrista era indispensável para promover o crescimento do seu conhecimento acadêmico, científico, social e político.

 

No que se refere ao título e ao logotipo do evento, explicamos: o termo “Princesa Altaneira” foi tomado de empréstimo do Hino Oficial do Município da cidade sede do evento, Feira de Santana. É uma alusão ao fato de Feira de Santana ser a maior cidade do interior do Nordeste. Também conhecida como “Princesa do Sertão”, título atribuído por Ruy Barbosa, foi formada a partir de uma feira popular que se expandiu e foi elevada à segunda maior cidade da Bahia. Com população composta por pessoas de diversas regiões circunvizinhas, possui seus encantos, assim como toda princesa.

 

Quanto a imagem de Maria Quitéria, ela está intrinsecamente ligada ao título, pois, quando a heroína eleva o livro acima da cabeça, ela coloca, em lugar de destaque, o conjunto dos conhecimentos literários e linguísticos: as Letras. A tempo, Maria Quitéria de Jesus (1792 – 1853) nasceu em São José das Itapororocas, região que pertencia à comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, atual município de Feira de Santana. Ela foi uma mulher excepcional, a primeira, inclusive, a integrar as Forças Armadas Brasileiras, sendo considerada a grande heroína na guerra pela independência do Brasil.

Dee Mercês

23/05/2020

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